Uma intensa disputa entre o governo federal e os bancos em relação às taxas de juros do crédito consignado para aposentados e pensionistas do INSS está gerando impactos significativos na concessão dessa modalidade de empréstimo. Desde março do ano passado, o Ministério da Previdência tem buscado impor melhores condições aos beneficiários, promovendo uma série de reduções na taxa máxima de juros, que caiu de 2,14% para 1,66% ao mês ao longo de oito ajustes.
No entanto, essa estratégia não está trazendo os resultados esperados. Os bancos argumentam que a redução no teto dos juros está, na verdade, restringindo o acesso ao crédito consignado. Segundo as instituições financeiras, com o aumento do custo de captação de recursos, impulsionado pela alta dos juros futuros, os bancos tornaram-se mais seletivos na concessão de novos empréstimos, especialmente para os clientes considerados mais arriscados.
Essa seletividade pode, em última instância, levar à suspensão total da oferta de crédito consignado para aposentados e pensionistas do INSS. Dados recentes apontam que o volume de novos empréstimos nessa modalidade já caiu 23% entre 2022 e 2023, com uma queda adicional de 11% apenas em 2024.
Por outro lado, o Ministério da Previdência defende as reduções das taxas, argumentando que elas foram aplicadas apenas para novas operações com margem livre, enquanto modalidades como refinanciamento e portabilidade tiveram aumento nas taxas. Apesar das medidas do governo, a queda na liberação de novos créditos indica que a situação ainda está longe de ser resolvida.
Essa situação complexa evidencia o desafio em equilibrar o acesso ao crédito com a necessidade de proteger os aposentados e pensionistas de juros excessivos. O desfecho dessa disputa será crucial para definir o futuro do crédito consignado no Brasil, especialmente para aqueles que dependem desse tipo de financiamento para complementar sua renda.
O que fica claro é que, enquanto governo e bancos não chegarem a um consenso, os aposentados e pensionistas do INSS poderão enfrentar ainda mais dificuldades para acessar essa importante modalidade de crédito.
Fonte: O Globo
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