As concessões de empréstimos no Brasil avançaram 24,2% em março na comparação com o mês anterior, informou o Banco Central nesta quarta-feira, em movimento que refletiu o maior número de dias úteis, e com o estoque total de crédito subindo 0,7% no período, a 5,361 trilhões de reais.
No entanto, a autarquia reforçou a mensagem recente de que os saldos de crédito estão num processo de desaceleração em 12 meses, com o avanço acumulado no ano até março recuando para 12,0%. O chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, disse em entrevista coletiva que isso está “consistente com o desempenho da economia… e em linha com o ciclo da política monetária”.
A taxa Selic está atualmente em 13,75% ao ano, nível elevado que tende a desacelerar a economia e apertar as condições financeiras, motivo pelo qual tem sido criticado pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No mês passado, as concessões de financiamentos com recursos livres, nos quais as condições dos empréstimos são livremente negociadas entre bancos e tomadores, tiveram alta de 22,8% em relação ao mês anterior. Para as operações com recursos direcionados, que atendem a parâmetros estabelecidos pelo governo, houve avanço de 38,6% no período.
Segundo Rocha, o crescimento das concessões provavelmente refletiu fatores sazonais, uma vez que o mês de fevereiro tem menos dias úteis do que março, o que faz do período uma base de comparação mais baixa. Desconsiderando os fatores sazonais, as concessões caíram 1% no mês.
Em março, a inadimplência no segmento de recursos livres ficou em 4,6%, contra 4,5% no mês anterior. Segundo Rocha, o aumento da inadimplência em vários setores do crédito é observado “de perto” pelo BC, mas, por enquanto, está “em linha com desaceleração da economia”.
Já as taxas bancárias médias subiram no mês passado. Os juros cobrados pelas instituições financeiras no crédito livre ficaram em 44,3%, um aumento de 0,1 ponto percentual em relação ao mês anterior.
Nos recursos direcionados, houve alta de 1,1 ponto no mês, a 12,1%.
O spread bancário, diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa final
cobrada do cliente, recuou para 31,5 pontos percentuais nos recursos livres, contra 31,6 pontos no mês anterior, oscilação que o BC considera como estabilidade.
“Esse mês (março), embora tenha havido aumento nas taxas de juros, os spreads se mantiveram estáveis, o que significa que o aumento na taxa de aplicação… foi exatamente da mesma magnitude que nas taxas de captação”, explicou Rocha.
Fonte: terra.com.br