8 de nov de 2022

‘Novo governo deve manter consignado no Auxílio Brasil, é produto bom para o cliente’, diz CEO do Pan

Segundo Carlos Eduardo Guimarães, esse perfil de cliente é muito empreendedor e não tinha acesso ao crédito formal com essas taxas (teto de 3,5%), que são menores do que no microcrédito

O CEO do Banco Pan, Carlos Eduardo Guimarães, afirmou acreditar que o novo governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva manterá o empréstimo consignado no Auxílio Brasil, já que esse produto é bom para o cliente. Segundo ele, esse perfil de cliente é muito empreendedor e não tinha acesso ao crédito formal com essas taxas (teto de 3,5%), que são menores do que no microcrédito.

“Não temos tanta informação [sobre o que o novo governo acha do consignado no Auxílio Brasil], mas foi um produto bem montado, legalmente bem definido. O que já foi formalizado [empréstimos já feitos], não cabe nenhuma discussão sobre isso. Sobre a perpetuidade do produto daqui para frente, não tenho certeza, vamos aguardar o desenrolar de cenas dos próximos capítulos. Mas acreditamos que o novo governo vai achar um produto bacana, que oferece para o cliente a melhor oferta de crédito, com uma taxa mais barata”, comentou em entrevista coletiva sobre os resultados do terceiro trimestre.

Segundo ele, os questionamentos que o Tribunal de Contas da União (TCU) fez para a Caixa – que levaram o banco público a interromper a oferta do consignado no Auxílio Brasil – dizem respeito a processos internos da Caixa, não à legalidade do produto. Ele explicou que o Pan concedeu R$ 1 bilhão na nova linha, com um tíquete médio de R$ 2,5 mil, o que significa que quase 400 mil clientes foram atendidos. Agora, deu uma parada em novas concessões para ver como virá a inadimplência.

Segundo Guimarães, a inadimplência do consignado no Auxílio Brasil deve ser maior do que nessa modalidade para beneficiários do INSS, onde basicamente o único fator que leva ao não pagamento é a morte do pensionista. “É um produto novo, fizemos um piloto, vamos analisar, e depois podemos escalar. Com todo produto novo é assim. Estamos tateando, vamos esperar 15, 30 dias para ver como será o primeiro pagamento. Depois disso devemos ter uma visibilidade maior e a nossa expectativa é poder crescer, e bem. O que vai determinar nosso apetite é o nível de cancelamentos”, afirmou.

Segundo ele, desse R$ 1 bilhão cerca de 25% foi feito diretamente pelo banco e os outros 75% via correspondentes bancários. O CEO lembrou que as regras para oferta do novo produto são bem rígidas e disse que o Pan está acompanhando isso de perto. Além disso, apontou que na concessão o tomador precisa responder um questionário com sete perguntas sobre o uso do crédito e que o banco também envia um vídeo com informações e conteúdo de educação financeira.

Guimarães afirmou ainda que o Pan fez esses empréstimos seguindo a regra da margem consignável máxima de 40% em cima do valor fixo do Auxílio Brasil, de R$ 400. Entretanto, a expectativa é que o novo governo torne o beneficío atual, que temporariamente está em R$ 600, definitivo nesse novo valor. Ou seja, 40% em cima de R$ 400 limita a parcela do consignado a R$ 160. Se for em cima de R$ 600, isso passa para R$ 240.

Fonte: www.valor.globo.com/financas