Um levantamento feito pelo Centro de Estudos em Finanças da Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas (FGVcef), em parceria com a Toluna Insights, sobre a concessão de empréstimo consignado no Brasil nos últimos dois anos, revelou uma surpresa ao constatar que apenas 12% dos respondentes são aposentados e 15% têm mais que 55 anos. Outro destaque da pesquisa feita é que metade da amostra está em emprego de tempo integral, com a garantia do empréstimo sendo o salário. Ainda sobre as garantias, 4% dizem que a garantia são benefícios como o Bolsa Família. No total dos participantes, 27% alegaram que contrataram mais de um empréstimo nos últimos 24 meses, nesse caso, os idosos foram a maioria (42,5%).
50% da amostra indica empréstimos em valores de até R$3 mil, sendo que as mulheres contratam valores menores que os homens. Por outro lado, as classes C, D e E têm um volume alto de contratos acima de R$5 mil. No quesito prazo, 61% dos contratos são de curto prazo, menos que 24 meses, mas 14% com prazos acima de 72 meses. Segundo o Coordenador do Centro de Estudos de Finança da FGV EAESP, William Eid, o consignado parece ser um caminho vantajoso para o tomador do empréstimo, pois isso fica nítido quando 91% deles estão inadimplentes. Situação diferente da população brasileira em geral.
Uma das surpresas desse levantamento foi que a maioria dos tomadores não é de aposentados, assim como boa parte dos recursos que seria direcionada para terceiros, principalmente para parentes. “O estudo mostra que a maioria dos recursos é para pagar dívidas do próprio tomador, refletindo a situação atual dos brasileiros”, diz o Coordenador.
Fatores para a adesão
As características que mais atraem as pessoas para essa modalidade de crédito são a taxas mais baixas, a facilidade na obtenção de crédito e rapidez na obtenção dos recursos. A facilidade para obtenção de empréstimos para negativados é o quinto motivo. O comprometimento da renda mensal foi a principal preocupação indicada pelos participantes da pesquisa durante o processo de contratação, seguido por evitar o acúmulo de dívidas. O quinto colocado foi evitar golpes. Entre as restrições no momento da contratação, a margem consignável foi indicada como problema, seguido pelo limite de parcelamento.
Reforma da casa e cobrir tratamentos de saúde estão entre os principais motivos para aquisição dos empréstimos
Dentre os principais motivos para a aquisição dos empréstimos estão: a reforma da casa, cobrir tratamentos de saúde e pagar as contas da casa. Investir no próprio negócio é o quinto motivo, respondido por 8% das pessoas. Mulheres indicam mais o motivo de pagar dívidas. Os idosos, indicam mais cobertura de gastos com saúde. Os jovens indicam mais começar ou investir no seu negócio. Outro dado surpreendente é que 91% da amostra dizem estar adimplentes. Dado revelador, quando se observa os 70 milhões de inadimplentes do Brasil.
Sobre os possíveis problemas em contatar consignados, 55% responderam que não tem, mas os outros indicaram os seguintes problemas: venda casada e assédio (bancos + correspondentes = 21%). Depois, a falta de informações, cobrança de valores diferentes, dificuldade de renegociar contratos e cobranças não contratadas. Além de cobrança de TAC. Idosos são os maiores alvos.
Em termos de comprometimento de renda mensal, ao somar todos que têm mais do que 31% da renda comprometida com o pagamento de dívidas, o valor, muito elevado, chega a 46% da amostra. Os que têm mais de 51% de comprometimento da renda mensal somam 23%.
Fonte: Portal FGV